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Jogo do tigrinho, vício em apostas e influenciadores: o que a Psicologia tem a dizer

  • Foto do escritor: godoijessica
    godoijessica
  • 14 de mai.
  • 3 min de leitura


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Nos últimos meses, o chamado “jogo do tigrinho” ganhou os holofotes. Influenciadores digitais passaram a divulgar esse tipo de jogo como uma forma divertida (e rápida) de ganhar dinheiro. O problema é que, por trás dessa promessa, há riscos sérios para a saúde mental e financeira das pessoas.

A discussão chegou ao Congresso: uma CPI (das Bets) foi aberta para investigar o impacto desses jogos de aposta online e a responsabilidade de quem os promove. Mas… por que tanta gente se envolve? O que esse tipo de jogo causa no cérebro? Existe vício mesmo? E os influenciadores têm responsabilidade nisso?

A psicologia tem muito a contribuir nessa conversa.


O vício em jogos é real — e tem diagnóstico

Você já ouviu falar em transtorno do jogo? É assim que a psicologia nomeia o vício em jogos de aposta. Não é "falta de força de vontade". É um comportamento que foge do controle da pessoa, traz prejuízos e costuma vir acompanhado de muita culpa e sofrimento.

Quem desenvolve esse transtorno:


  • Pensa constantemente em jogar

  • Sente necessidade de apostar valores cada vez maiores

  • Tem dificuldade de parar, mesmo quando quer

  • Esconde o comportamento de amigos e familiares

  • Sofre consequências emocionais, financeiras e sociais


E quando o jogo está na palma da mão, acessível pelo celular a qualquer momento, tudo isso se intensifica.


Por que esses jogos viciam tanto?

A resposta está no cérebro.

Jogos como o “tigrinho” são construídos para ativar nosso sistema de recompensa — a mesma área ligada ao prazer, à motivação e à liberação de dopamina (o “neurotransmissor do prazer”).

O que deixa tudo mais perigoso é o reforço intermitente: você nunca sabe quando vai ganhar. Isso faz com que o cérebro se mantenha em alerta, esperando a próxima “recompensa”, mesmo que ela demore (ou nunca venha). É o mesmo mecanismo usado em máquinas caça-níqueis.

Esse tipo de estímulo faz com que a pessoa se sinta animada, confiante, eufórica… e logo depois, frustrada, irritada e culpada. Um ciclo emocional desgastante que pode levar ao vício.


O papel dos influenciadores: brincadeira ou manipulação?

Aqui entra uma questão ética importante.

Muitos influenciadores têm divulgado jogos de aposta como forma “fácil” de ganhar dinheiro, usando linguagem leve e até cômica. Mas o público que consome esses conteúdos muitas vezes é vulnerável: jovens, pessoas em dificuldades financeiras, ou com quadros emocionais fragilizados.

Mostrar ganhos irreais, sem explicar os riscos, reforça a ilusão de que "com um pouco de sorte, tudo muda". Na prática, muitos perdem dinheiro, saúde emocional e até relacionamentos tentando "recuperar o prejuízo".

Quando alguém com visibilidade vende essa esperança, sem falar dos perigos, está influenciando diretamente comportamentos que podem gerar adoecimento.


O impacto na vida real

Por trás da tela, tem gente:


  • Que perdeu o salário do mês tentando “recuperar o prejuízo”

  • Que esconde o comportamento da família por vergonha

  • Que está com insônia, ansiedade e sensação constante de fracasso

  • Que não consegue parar, mesmo quando já sabe que está se prejudicando


Esses jogos vendem a ideia de controle, mas na prática, colocam a pessoa em um ciclo de perda emocional, financeira e psicológica.


Existe saída?

Sim. O primeiro passo é reconhecer que há um problema e que você não precisa enfrentar isso sozinho.

A psicoterapia pode ajudar — e muito. Na terapia, a pessoa encontra um espaço seguro para entender os gatilhos do comportamento, aprender a lidar com a compulsão e reconstruir sua autoestima.

Terapias como a TCC (Terapia Cognitivo-Comportamental) são eficazes no tratamento do vício em jogos, ajudando a mudar padrões de pensamento e desenvolver estratégias práticas para retomar o controle.


Para refletir

O problema não está só no jogo, mas em como ele se infiltra na vida das pessoas usando emoções, esperanças e vulnerabilidades como isca.

Falar sobre isso é urgente. Cuidar da saúde mental também.

Se você está passando por isso ou conhece alguém que está sofrendo com o vício em jogos, saiba: há ajuda disponível. E buscar apoio é um sinal de força, não de fraqueza.

 
 
 

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